Manoel Melo
Com certeza é um desafio para o
orçamentista encontrar este ponto de equilíbrio, através de um orçamento que
atenda as expectativas da produção que executará a obra e ter um valor
competitivo que contemple o objetivo da empresa tendo resultado no sucesso do
negócio.
Partindo deste cenário aonde temos
metas definidas, as expectativas da produção (custo real) e empresa
(competitividade/sucesso do negócio-lucro), ou seja, cada vez mais o valor
orçado tem que ser o mais próximo da realidade, sendo o custo previsto e
realizado o mais preciso.
A engenharia de custo tem sido uma parte estratégica
no sucesso do negócio. Pinçaremos algumas estratégias na busca deste objetivo
do orçamento perfeito:
Entender que o orçamento é um projeto, ou seja, e único, tem prazo
definido e expectativas próprias.
Ter a visão do orçamento como um
projeto. Por mais que a experiência e a expertise demonstre que um projeto seja
igual a outro de mesmo escopo na obra. Exemplificando, um hospital com a mesma
característica de projeto foi orçado para uma obra no Guarujá/SP e na Barra da
Tijuca/RJ. Vamos analisar este argumento. Por mais idêntico que seja com outro
projeto já executado, não podemos encontrar o mesmo cenário, as mesmas
condições com a mão de obra ou equipes terceirizadas com relação a
produtividades e custos, logística da obra, condições de insumos que podem
sofrer flutuação, etc. Temos sim através de um alinhamento com a produção e
aferimento dos resultados obtidos, usarmos estas experiências e enriquecermos
de detalhes o orçamento na sua elaboração, ou seja, sempre ter a premissa de
cada orçamento tem sua singularidade por mais que seja obra com escopo igual a outras
já executadas.
Conhecendo o Projeto, suas especificações, termos de referências e
contratos.
Esta leitura detalhada é de suma
importância. Seja em obras públicas que na sua maioria utilizasse de projetos
básicos, ou obras privadas com projetos executivos já predefinidos. Temos que priorizar
antes de iniciarmos o orçamento, estudar e conhecer todas as informações
disponíveis no projeto, nas especificações, em seu termo de referência e
contratos. Levantando todos os dados possíveis da obra. Com base nestas
informações criar uma interação entre setor de orçamentação e a produção,
buscando a melhor técnica de engenharia a ser empregada na execução da obra,
obtendo as diretrizes do orçamento.
Montando Composições de Preços Unitários com custos reais.
Existe disponível na literatura,
em organizações públicas e privadas, uma excelente e importante base de bancos
de dados com composições de preços unitários nos mais diversos tipos de obras, rodoviária,
construção civil, infraestrutura urbana, etc. Mas, os orçamentistas precisam
ter esses bancos de dados como uma referência, e montar suas próprias
composições, a fim de atender as necessidades específicas de cada obra, salvo
aquelas em que o cliente determina a base referência (obra pública que utilizam
bancos de composições de preços unitários predeterminados, exemplo: SINAPI,
DNIT e SIURB). Utilizaremos um exemplo de composição de preços unitários para melhor
fixar o conceito: ESTACA ESCAVADA HÉLICE
CONTÍNUA – Ø 30 cm / UNID. : m. A prática demonstra que existe uma perda de
quase 35% do volume de concreto na execução desta estaca. O volume necessário
de concreto da estaca hélice Ø 30 cm é de 0,07m³ por metro(m), mas com um
acréscimo de 35% no seu volume devido a perda, a composição passará a ser
considerado um volume de concreto de 0,095 m³ por metro(m). Também no item fornecimento
de Aço, temos que incluir a mão de obra para montagem da armação da estaca. Se
não existi um item de mobilização aparte, temos que considera na composição este
valor, e para incluir na composição de preços unitários, será dividindo este
valor pela quantidade de estacas em metro(m). Podemos até incluir mais itens na composição,
que sabemos que fazem parte do processo construtivo da estaca como fornecimento
de água, apoio na limpeza da lama, grupo gerador, etc. O limite é se o valor é
representativo na composição. Mas, o importante é fixarmos o conceito.
Montando as despesas indiretas (DI)
A sua montagem é uma tarefa
importante para o sucesso do projeto tanto quanto o custo da obra ou despesas
direta, que foram calculadas nas composições de preços unitários. O que não for
contemplado na composição de preços unitários, mas fazem parte dos custos de
execução da obra, vão fazer parte das despesas indiretas, a exemplo, despesas
com administração da obra, construção do canteiro, etc. Mais uma vez existirá a
necessidade de um bom dialogo entre o setor de orçamentação e a produção. Tem
sido um erro comum à utilização de um percentual para considerar despesas
indiretas sem qualquer estudo, ou seja, se gasta pouco tempo e não é dada a importância
devida a este item. A sua elaboração
apresentam critérios que podem ser definidos e variar de empresa para empresa em
seu grau de detalhamento.
Lucro, despesas financeiras e impostos. (BDI)
Nesta etapa entendemos que o
orçamento já tem seu custo direto e despesas indireta calculado e definido,
então precisamos inserir neste orçamento os valores referente às despesas
financeira, ou seja, custos com seguros de obra e risco de engenharia,
percentual com imprevistos, aumento de materiais, despesas com projetos, etc.
Como também as despesas com Impostos, destacando o ISSQN que sofre variação de
percentual de município para município, precisando ser consultado para cada
legislação vigente. E por fim, inserimos o lucro previsto pela empresa na
realização do empreendimento.